Após uma série de derrotas nas eleições municipais, o governador de Sergipe, Fábio Mitidieri (PSD), vê seu projeto de reeleição em 2026 ameaçado. As urnas deste ano não lhe foram generosas; pelo contrário, deixaram clara a força crescente de seus adversários e os custos de suas escolhas políticas. A trilha rumo à continuidade no Palácio dos Despachos, que antes parecia clara, está agora repleta de obstáculos que demandam habilidade e nova estratégia.
Mitidieri entrou no embate municipal confiante em consolidar bases para 2026, mas sua atuação como cabo eleitoral se revelou um revés. Em Aracaju, sua principal aposta, o secretário de Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura, Luiz Roberto (PDT), chegou ao segundo turno, mas não foi páreo para a vereadora Emília Corrêa (PL), que venceu com ampla margem. Durante a corrida, o candidato apoiado por Mitidieri lançou farpas em várias direções, desgastando o próprio governo ao atacar aliadas como a deputada federal Yandra Moura e o ex-governador Belivaldo Chagas. O resultado foi um cenário favorável ao PL, que sai fortalecido na capital e em outras cidades.
A situação no interior seguiu o mesmo roteiro. Em municípios estratégicos como São Cristóvão, Carmópolis, Aquidabã e Itabaiana, as apostas de Fábio ficaram pelo caminho, e ele viu rivais ganharem espaço. “Fábio sai com uma performance muito fraca em municípios-chave, especialmente em Aracaju e no Sertão do estado”, afirma um político sergipano em análise durante um café na Pandoro da 13 de Julho.
A perda de apoio em localidades decisivas enfraqueceu ainda mais o PSD, que, com 30 prefeitos no início das disputas, encerra o ciclo com 26. Uma redução que sinaliza as dificuldades de um governo que ainda não conseguiu mobilizar suas bases de forma eficaz.
No campo partidário, a relação de Mitidieri com o União Brasil se mostra tensa e decisiva. Presidido por André Moura, um dos grandes articuladores e mais influentes do estado, o União Brasil foi o partido que conseguiu fazer frente ao PSD e agora controla 24 prefeituras, sendo, sem dúvidas, um peso decisivo na disputa de 2026. A aliança entre PSD e União é essencial para Mitidieri, mas qualquer ruptura poderia ser o golpe final em seu projeto de reeleição, abrindo ainda mais caminho para o fortalecimento do PL e de seu rival direto, Valmir de Francisquinho, que reassume a prefeitura de Itabaiana e emplacou seu filho em Areia Branca.
Para Fábio Mitidieri, o caminho até 2026 é desafiador e pede mudanças estratégicas, sobretudo diante da privatização da Deso e da terceirização de serviços essenciais na saúde, pautas que prometem ser polêmicas entre o eleitorado em 2025. Ainda assim, o governador dá sinais de que não pretende desistir da pauta da terceirização. Enquanto intensifica o discurso e busca reaproximação com o PT de Rogério Carvalho, Mitidieri ensaia uma nova articulação política. Mas sabe que os obstáculos não serão poucos e que precisará de mais do que apenas alianças para manter vivo o sonho de reeleição.